Bem verdade..

   É preciso ter como reserva um recanto pessoal, independente, em que sejamos livres em toda a acepção da palavra, que seja nosso principal retiro e onde estejamos absolutamente sozinhos. Aí nos entreteremos de nós com nós mesmos, e a essa conversa, que não versará nenhum outro assunto, ninguém será admitido. Aí nos abandonaremos a nossos pensamentos sérios ou divertidos, como se não tivéssemos mulher nem filhos, nem bens, nem casa, nem criadagem, de maneira que se um dia eles nos faltarem não nos custe demasiado a carência. Temos uma alma suscetível de se recolher, de se bastar em sua própria companhia, de atacar e defender-se, de dar e receber; não nos arreceemos, portanto, nesse diálogo com nós mesmos, de vegetar em uma aborrecida ociosidade. 

 “In solis sis tibi turba locis.” 
”Na tua solidão, sê para ti mesmo o mundo” [Tibulo]. 

A virtude satisfaz-se com ser, sem necessidade de regras, palavras, conseqüências.

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