Arthur Schopenhauer

   Os homens inteligentes e sábios buscarão, primeiramente, se libertar do sofrimento e das moléstias, e encontrar quietude e repouso, isto é, uma vida tranquila e modesta que se resguarda ao máximo de transtornos. Depois de alguma convivência com o que se denomina seres humanos, optarão por uma vida de isolamento ou, no caso de um intelecto elevado, de solidão. Pois quanto mais um homem encontra em si próprio, tanto menos precisa do exterior e menos úteis podem ser as demais pessoas. Por esse motivo, um homem de intelecto elevado tende à insociabilidade. Na verdade, se a qualidade da sociedade pudesse ser substituída pela quantidade, talvez valesse a pena viver no vasto mundo; mas, infelizmente, uma centena de tolos aglomerados ainda não produziria um homem inteligente. Por outro lado, assim que a necessidade e a privação permitirem ao homem no outro extremo recuperar o fôlego, buscará a qualquer custo passatempo e companhia, e se acomodará prontamente a qualquer coisa, desejando, acima de tudo, fugir de si mesmo. Na solidão, onde todos se vêem limitados aos seus próprios recursos, o indivíduo enxerga o que tem em si mesmo. O tolo em trajes finos suspira sob o fardo de sua própria individualidade miserável, da qual não pode se livrar, enquanto o homem de grandes dotes povoa e anima com seus pensamentos a região mais deserta e desolada.

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