Sêneca diz : [ainda que a inveja impusesse silêncio a todos os teus contemporâneos, virão aqueles que julguem sem ofensa e sem indulgência]. Essa passagem nos demonstra que a arte de suprimir perversamente os méritos ignorando-os e através do silêncio, com o objetivo de ocultar do público o que é bom em proveito do que é mau, já era praticada mesmo pela canalha da época em que vivia Sêneca, assim como pela canalha de nossa época, e em ambos os casos a inveja lhes fecha a boca. Como regra, a glória é tanto mais tardia quanto mais durável há de ser, porque a excelência amadurece com lentidão. A glória destinada a ser eterna é como o germe que cresce lentamente em sua semente; a glória fácil e efêmera se assemelha às plantas que florescem em um ano, depois morrem; enquanto que a glória falsa é como essas ervas daninhas que crescem a olhos vistos e que podem ser facilmente extirpadas. Isso se deve ao fato de que, quanto mais um homem pertence à posteridade, i.e. à humanidade inteira em geral, mais alheio é à sua época, porque o que produz não está destinado especialmente a esta como tal, senão na medida em que constitui parte da humanidade. Desse modo, suas obras não são afetadas pela cor local de sua época; mas, em decorrência disso, ocorre frequentemente que a época contemporânea as deixa passar despercebidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário