Christian Jacq

   O imperador saiu da sala de colunas. Uri-Techup encarou Hattusil. — É você que está tentando travar as minhas iniciativas, não é verdade? — Nada tenho a ver com o exército. — Está brincando comigo? Às vezes eu me pergunto se não é você que governa o império. — Não injurie a grandeza do
seu pai, Uri-Techup. Muwattali é o imperador e sirvo-o o melhor que posso. — Enquanto espera a sua morte! — As suas palavras ultrapassam o seu pensamento. — Esta corte é feita de intrigas e você é o chefe dos instigadores. Mas não tenha esperanças de triunfar. — Atribui-me intenções que não tenho. É capaz de admitir que um homem possa limitar as suas ambições? — Não é o seu caso, Hattusil. — Suponho que seja inútil tentar convencer você. — Completamente inútil. — O imperador nomeou-o general-chefe e tem razão. Você é um excelente soldado, e as nossas tropas lhe têm muita confiança; mas não pense em agir como lhe der na cabeça e sem controle. — Está esquecendo um fato muito importante, Hattusil: para os hititas, o exército é que faz a lei. — Sabe do que gosta a maior parte das pessoas do nosso país? Gostam da sua casa, dos seus campos, da sua vinha, das suas cabeças de gado... — Defende, por acaso, a paz? — Que eu saiba, a guerra não está declarada. — Quem falar em favor da paz com o Egito deverá ser considerado traidor. — Proíbo-o de deturpar as minhas palavras. — Afaste-se do meu caminho, Hattusil. Caso contrário, irá se lamentar. — A ameaça é a arma dos fracos. O filho do imperador levou a mão ao cabo da espada. Hattusil enfrentou-o. — Atrever-se-ia a erguer a sua arma contra o irmão de Muwattali? Uri-Techup deu um berro de raiva e saiu da grande sala, martelando o lajedo com passadas furiosas.

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