Eliphas Levi - perguntas e respostas

Pergunta — O que é a verdade? Resposta — É a idéia idêntica ao ser. P — O que é a realidade? R — É a ciência idêntica ao ser. P — O que é a razão? R — É o verbo idêntico ao ser. P — O que é a justiça? R — É o motivo dos atos idênticos ao ser. P — O que é o absoluto? R — É o ser. P — Concebe-se algo acima do ser? R — Não, mas concebe-se no próprio ser algo de supereminente e de transcendental. P — O que é? R — A razão suprema do ser. P — Conheceis e podeis defini-la? R — Somente a fé afirma-a e nomeia-a Deus. P — Existe algo acima da verdade? R — Acima da verdade conhecida existe a verdade desconhecida. P — Como se pode racionalmente supor essa verdade? R — Pela analogia e pela proporção. P — Como se pode defini-la? R — Pelos símbolos da fé. P — Pode-se dizer da realidade a mesma coisa que da verdade? R — Exatamente a mesma coisa. P — Existe algo acima da razão? R — Acima da razão finita existe a razão infinita. P — O que é a razão infinita? R — É esta razão suprema do ser a que a fé chama de Deus. P — Existe algo acima da justiça? R — Sim, de acordo com a fé, existe a providência em Deus e, no homem, o sacrifício. P — O que é o sacrifício? R — É o abandono benévolo e espontâneo do direito. P — O sacrifício é racional? R — Não, é uma espécie de loucura maior que a razão, pois a razão é forçada a admirá-lo. P — Como chamar um homem que age de acordo com a verdade, a realidade, a razão e a justiça? R — É um homem moral. P — E se pela justiça ele sacrifica seus atrativos? R — É um homem de honra. P — E se, para imitar a grandeza e a bondade da Providência, ele faz mais do que seu dever e sacrifica seu direito pelo bem dos outros? R — É um herói. P — Qual é o princípio verdadeiro do heroismo? R — É a fé. P — Qual é o seu sustento? R — A esperança. P — E sua regra? R — A caridade. P — O que é o bem? R — É a ordem. P — O que é o mal? R — É a desordem. P — Que prazer é permitido? R — O gozo da ordem. P — Que prazer é proibido? R — O gozo da desordem. P — Quais são as conseqüências de um e de outro? R — A vida e a morte na ordem moral. P — O inferno, com todos os seus horrores, tem, pois, razão de ser no dogma religioso? R — Sim, é a conseqüência rigorosa de um princípio. P — E que princípio é esse? R — A liberdade. P — O que é a liberdade? R — É o direito de fazer o dever com a possibilidade de não o fazer. P — O que é faltar com o dever? R — É perder o direito. Ora, sendo o direito eterno, perdê- lo significa perda eterna. P — Não se pode reparar uma falta? R — Sim, pela expiação. P — O que é a expiação? R — É uma sobrecarga de trabalho. Assim, porque fui preguiçoso ontem, devo realizar, hoje, uma dupla tarefa. P — Que pensar dos que se impõem sofrimentos voluntários? R — Se é para remediar a atração brutal do prazer, são sábios; se é para sofrer no lugar dos outros, são generosos; mas, se o fazem sem conselho e sem medida, são imprudentes. P — Assim, diante da verdadeira filosofia, a religião é sábia em tudo o que ordena? R — Vós o vedes. P — Mas se enfim estivermos errados em nossas esperanças eternas? R — A fé não admite essa dúvida. Mas a própria filosofia deve responder que todos os prazeres da terra não valem um dia de sabedoria, e que todos os triunfos da ambição não valem um só instante de heroismo e de caridade. SEGUNDA SÉRIE P — O que é o homem? R — O homem é um ser inteligente e corporal feito à imagem de Deus e do mundo, uno em essência, triplo em substância, imortal e mortal. P — Dizeis triplo em substância. Teria o homem duas almas ou dois corpos? R — Não. Tem em si uma alma espiritual, um corpo material e um mediador plástico. P — Qual é a substância desse mediador? R — É a luz em parte volátil e em parte fixada. P — O que é a parte volátil dessa luz? R — É o fluido magnético. P — E a parte fixada? R — É o corpo fluídico ou arornal. P — A existência desse corpo é demonstrada? R — Sim, pelas experiências mais curiosas e mais conclusivas. Falaremos disso na terceira parte deste livro. P — Essas experiências são artigos de fé? R — Não, pertencem à ciência. P — Mas a ciência preocupar-se-ia com isso? R — Ela já se preocupa, uma vez que escrevemos este livro e uma vez que o ledes. P — Dai-nos algumas noções sobre esse mediador plástico. R — Ele é formado por uma luz astral ou terrestre e transmite ao corpo humano a dupla imantação. Ao agir sobre essa luz, a alma, por suas volições, pode dissolvê-la ou coagulá-la, projetá-la ou atraí-la. Ela é o espelho da imaginação e dos sonhos. Reage sobre o sistema nervoso e produz, assim, os movimentos do corpo. Essa luz pode dilatar-se indefinidamente e comunicar suas imagens a distâncias consideráveis, ela imanta os corpos submetidos à ação do homem e pode, fechando-se, atraí-los para si. Pode assumir todas as formas evocadas pelo pensamento e, nas coagulações passageiras de sua parte resplandecente, aparecer aos olhos e até mesmo oferecer uma espécie de resistência ao contato. Se essas manifestações e esses usos do mediador plástico são anormais, o instrumento luminoso não pode produzi-las sem ser falseado e causam necessariamente ou alucinação ou loucura. P — O que é o magnetismo animal? R — É a ação de um mediador plástico sobre um outro para dissolver ou coagular. Aumentando a elasticidade da luz vital e sua força de projeção, ela é enviada tão longe quanto se deseje e é retirada totalmente carregada de imagens, mas é preciso que essa operação seja favorecida pelo sono do sujeito, que se produz com maior coagulação da parte fixa de seu mediador. P — O magnetismo é contrário à moral e à religião? R — Sim, quando dele se abusa. P — O que é abusar dele? R — É servir-se dele de maneira desordenada ou para um fim desordenado. P — O que é um magnetismo desordenado? R — É uma emissão fluídica malsã e feita com más intenções, por exemplo, para saber os segredos dos outros ou para chegar a fins injustos. P — Qual é, então, seu resultado? R — Falseia no magnetizador e no magnetizado o instrumento fluídico de precisão. E é a essa causa que se devem atribuir as imoralidades e as loucuras reprovadas num grande número de pessoas que lidam com o magnetismo. P — Quais as condições necessárias para se magnetizar convenientemente? R — A saúde do espírito e do corpo; a intenção reta e a prática discreta. P — Que vantagens pode-se obter pelo magnetismo bem dirigido? R — A cura das doenças nervosas, a análise dos pressentimentos, o restabelecimento das harmonias fluídicas, a descoberta de alguns segredos da natureza. P — Explicai-nos tudo isso de uma maneira mais completa. R — Nós o faremos na terceira parte desta obra que tratará especialmente dos mistérios da natureza.

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