Henri Durville

Uma inscrição restaurada sobre o túmulo de Ramsés VI é muito curiosa a este respeito. O rei morto dirige-se então a Osíris, seu protetor: "Ó Senhor dos deuses! destruindo por tuas palavras os teus inimigos, destróis os inimigos do rei."   Uma inscrição do sarcófago do rei Seti I lembra este poder repressivo da palavra divina. Diz ela: "As almas recuam e as sombras perecem ao ouvir a palavra do ureus da fonte da vida". Horus e Thot - este último, como o Hermes dos Gregos, é o símbolo do ensinamento iniciático - podem, também, pelo poder da palavra, ser senhores de seus inimigos: "Invocava-se Thot - diz um texto relativo ao Mito de Horus, citado por Naville - cuja palavra tinha uma virtude mágica."   E, em um capítulo do Livro dos Mortos, encontra-se o poder multiplicado pela virtude musical da repetição:   "Horus renova quatro vezes, a invocação e todos os seus inimigos caem, massacrados. - Osíris renova quatro vezes a invocação e os seus inimigos caem massacrados."   Tal é, aos olhos do iniciado egípcio, o poder da palavra quando ela é projetada com poder e tomando auxílio de todos os meios que fazem da encantação uma verdadeira manifestação do Verbo, um poder sobre-humano, capaz do bem e do mal. Esta compreensão da palavra é uma das formas mais altas do psiquismo que permite ao homem atingir as forças que o rodeiam e utilizá-las segundo o seu grau.

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