“Que o seu coração não se torne vaidoso por causa daquilo que sabes. Aconselha-te tanto junto do ignorante quanto do sábio. Porque não se atinges os limites da arte. E não existe artesão que tenha adquirido a perfeição. Uma palavra perfeita está mais oculta que a pedra verde. Encontra-se no entanto junto das criadas que trabalham na mo.”
Henri Durville
No Livro dos Mortos vimos que, segundo o julgamento que sucede à morte, o justo estava livre das cadeias terrestres e se identificava ao seu Deus, vindo a ser o próprio Deus, o próprio Osíris.
Era o mesmo para o sábio que passasse esta experiência do sarcófago. Isto não era a morte, mas a própria vontade do adepto que o desprendia de seus liames terrestres. Por sua ascese e seu valor, identificava-se a seu Deus vivo.
O adepto entrava vivo no túmulo e saía vivo, mas tendo penetrado antes na Luz de Osíris. É
neste momento de desprendimento supremo que a revelação lhe é feita; era uma verdadeira morte; uma verdadeira renascença!
O sarcófago, sob o seu terrificante simbolismo, era encarregado de simular a morte do corpo físico e o renascimento do espírito sobre um plano superior.
Era o fim de um Ciclo. Era uma vida inferior que terminava para que a alma pudesse romper no esplendor da verdade.
Saldo logo do túmulo, na manhã desta noite mística, o iniciado renascia para uma vida espiritual mais elevada; recebia um novo nome; era iniciado em uma ordem superior. Tinha conquistado a coroa sacerdotal.
Compreendia, então, perfeitamente este enigma da Esfinge, que lhe tinha dito primeiramente a necessidade de Saber Querer, Ousar e Calar. Tinha adquirido as ciências e, sobretudo, a ciência do Invisível; a sua vontade, bem dirigida, tinha vencido as suas impulsividades; sabia Ousar apesar do medo, com a medida que convém àquele que sabe combinar o seu esforço conforme os efeitos a produzir. Tinha perdido esta glória vã que conduz a revelar os segredos iniciáticos para mostrar seu saber. Era aguerrido contra os inimigos, tanto exteriores como interiores.
A vida suprema estava começada e o iniciado compreendia agora as fórmulas que o tinham surpreendido tanto no limiar dos caminhos iniciáticos:
"Quem fizer o seu caminho só e sem olhar para trás, será purificado pelo fogo, pela água e pelo ar; e, se puder vencer o medo da morte, sairá do seio da terra, tornará a ver a luz e terá o direito de preparar a sua alma à revelação dos Mistérios da grande Deusa Ísis".
Morto voluntária e temporariamente por um poderoso esforço de sua vontade dominada, via cair o véu de ísis, e esta inscrição também não era mentirosa. Ele não tinha tocado o véu da Deusa senão tornando-se imortal, unido a Deus desde esta vida; o véu ficava intangível à mão de todos os mortais. O livro era-lhe aberto; lia com embriaguez, como o viajante que descobre uma fonte e banha o seu rosto para fazer penetrar a sua frescura no mais íntimo dos poros. Todo o véu cai diante dos olhos do espírito livre; não há segredos nem barreiras para o verdadeiro iniciado.
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