Eliphas Levi - As trinta e duas vias são os dez números e as vinte e duas letras hieroglíficas da Cabala; as pessoas q considerem reais oque vem da imaginação etc

(As trinta e duas vias são os dez números e as vinte e duas letras hieroglíficas da Cabala. A trigésima primeira refere-se ao a* , que representa a lâmpada mágica ou a luz entre os chifres de Baphomet. É o signo cabalístico do od ou da luz astral com seus dois pólos e seu centro equilibrado. Sabe-se que na linguagem dos alquimistas o sol significa o olho, a lua, a prata, e que as outras estrelas ou planetas referem-se aos outros metais. Deve-se compreender agora o pensamento do judeu Abraão. O fogo secreto dos mestres em alquimia era, pois, a eletricidade, e aí está a metade de seu grande arcano; mas eles sabiam equilibrar sua força por uma influência magnética que concentravam em seu atanor. É o que resulta dos dogmas obscuros de Basílio Valentim, Bernard Trévisan e Henri Kunrath, que pretendem, todos, ter operado a transmutação como Raimundo Lúlio, Arnaud de Villeneuve e Nicolas Flamel. A luz universal, quando imanta os mundos, chama-se luz astral; quando forma os metais, denomina-se azote, ou mercúrio dos sábios; quando dá vida aos animais, deve chamar-se magnetismo animal. O bruto sofre as fatalidades dessa luz; o homem pode dirigi-la. É a inteligência que, ao adaptar o sinal ao pensamento, cria as formas e as imagens. A luz universal é como a imaginação divina, e esse mundo que muda sem cessar, permanecendo sempre o mesmo quanto às suas leis de configuração, é o sonho imenso de Deus. O homem formula a luz por sua imaginação; atrai para si luz suficiente para dar as formas convenientes a seus pensamentos e mesmo a seus sonhos; se essa luz o invade, se afoga seu entendimento nas formas que evoca, fica louco. Mas a atmosfera fluídica dos loucos freqüentemente é um veneno para as razões vacilantes e para as imaginações exaltadas. As formas que a imaginação superexcitada produz para perturbar o entendimento são tão reais quanto as impressões da fotografia. Não se pode ver o que não existe. Os fantasmas dos sonhos, e os próprios sonhos das pessoas acordadas, são, pois, imagens reais que existem na luz. Existem, aliás, alucinações contagiosas. Mas afirmamos aqui algo mais do que alucinações comuns. Se as imagens atraídas pelos cérebros doentes são algo real, eles não podem projetá-las exteriormente, reais como as recebem? Essas imagens, projetadas por todo o organismo nervoso do médium, não podem afetar todo o organismo daqueles que, deliberadamente ou não, entram em simpatia nervosa com o médium? Os feitos do senhor Home provam que tudo isso é possível.

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