“Que o seu coração não se torne vaidoso por causa daquilo que sabes. Aconselha-te tanto junto do ignorante quanto do sábio. Porque não se atinges os limites da arte. E não existe artesão que tenha adquirido a perfeição. Uma palavra perfeita está mais oculta que a pedra verde. Encontra-se no entanto junto das criadas que trabalham na mo.”
Henri Durville
Ultrapassaremos sem custo a corrente nefasta que ameaça tragar-nos. Ficaremos isolados de toda má ação e conformar-nos-emos plenamente com as leis eternas. É para o discriminamento destas forças boas ou más, para permitir-nos a luta contra as que são desordenadas ou desarmônicas, é ou era para isso que as antigas iniciações impunham ao adepto um longuíssimo estágio de aprendizagem. Antes de fazer compreender ao iniciado qual poderia ser o seu poderio, desejava-se estar seguro de que ele não faria mau uso desse poder; desejava-se que o egoísmo, a cupidez, a luxúria não se enredassem com este poder que se deve confiar a um ser ansioso de purificar-se e dele só se servir para o bem.
Estes poderes existem. Que os cépticos o neguem porque os ignoram, que importa? Khunrath personificou a incredulidade por um mocho sempre de óculos e rodeado de fachos com estas palavras eternamente verdadeiras: Nem archotes
nem óculos tornam lúcido aquele que não quer ver. E o profano é assim.
A idéia de que as forças existem sem lhe render proveito choca a vaidade dele, do céptico, que, aliás, desejaria ser o centro do mundo. E, na sua condição de cepticismo, não vê nem quer ver. E por que desejaria ver, afinal? Ele tem vício, é sensual, escravo dos baixos interesses e, então, desde os primeiros passos de sua iniciação precisaria renunciar aos seus maus hábitos, que, aliás, lhe são caros. Ele não tem senão satisfações materiais e isso lhe basta.
Ora, se ele fosse pelo caminho iniciático seria posto em novas idéias, novos meios de ação, de sentido, de percepção, cuja noção própria ainda lhe escapa. Esta mudança seria muito custosa para ele. Antes de submeter-se, preferiria ficar limitado, odiento, incapaz de compreender as forças que correspondem à vontade do adepto. Não tentaria ao menos procurar o bem coletivo; sua única idéia seria uma ressurreição material ou talvez na zona muito restrita que ainda lhe está aberta no domínio do espírito; procuraria elevar-se para abaixar aqueles que lhe fazem sombra, para dobrar aqueles que o cercam, para impor a sua vontade mais absurda, para utilizá-la em meio de suas ambições, assegurando-se, enfim, do poder e do dinheiro, até chegar a todas as alegrias vulgares, até às vanglorias, até ao servilismo dos demais, em seu proveito.
Assim, o caminho é duplo. Abre-se a encruzilhada desde o momento em que o conhecimento das Forças é revelado ao futuro Iniciado.
É preciso, antes de mais revelação, adquirir a segurança de que a determinação do profano será aquela que deve ser e que ele se determinará a fugir do caminho do Mal, dirigindo-se exclusivamente e para sempre pelo caminho do Bem.
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