Henri Durville

Vimos, nos capítulos precedentes, que as etapas percorridas pelo ser humano no curso da sua peregrinação terrestre podem ser comparadas às quatro estações do ano solar: A Infância tem os arremessos e as incertezas da Primavera; A Juventude tem os ardores, os arrebatamentos e os furacões do Estio; A Idade Madura goza dos frutos e das vindimas do Outono; A Velhice tem sua semelhança com a fria paz do Inverno. Encontramos esses quatro estágios nas três manifestações da atividade humana, no ciclo vital, no ciclo cerebral, no ciclo sentimental e vimos que cada ciclo tem sua primavera, o seu estio, o seu outono e o seu inverno. Verificamos, porém, ainda, que os três ciclos evolucionam raramente com simultaneidade. Um é jovem de corpo e já esgotou a sombria velhice da dúvida e tem o espírito de um velho. Outro envelheceu pelo trabalho, sofre os primeiros incômodos da velhice, sente-se sentimentalmente jovem e sofre com a desproporção entre o seu aspecto físico e as aspirações de um coração. A proposição inversa é também verdadeira e vemos moços com o coração embotado e velhos em corpos juvenis. Não mostramos aqueles que, jovens na vida material e social, são vistos envelhecer prematuramente no ciclo cerebral, e se sentem deprimidos e abatidos; aqueles cuja vida sentimental inutilizou o estágio físico e que se vêm estragados, desiludidos e mortificados desde a sua mocidade; que necessidade existe para eles de perfazer um novo ciclo! Nada lhes será mais fácil. Então, a Fé ardente é para eles o mesmo que o Sol cheio de vigor é para a Natureza. Quando o Sol, finalmente vitorioso da neve e da chuva, irradia sobre o mundo encantado, tudo revive, tudo renasce! As plantas que estavam adormecidas sob a frieza pesada da terra retomam o impulso; os pássaros, de volta novamente de seu longínquo exílio ou despertos de seu torpor hibernai, restabelecem com cuidado o seu ninho e recomeçam galhardamente as suas canções.

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