Goethe

MARGARIDA (só) (Pondo flores novas nos vasos) Ó Virgem dolorosa inclina à desditosa o teu benigno olhar! Só tu, com sete espadas no coração cravadas, sabes o que é penar; tu sim, que viste aflita pender, ó mãe bendita, o filho teu na cruz, alçaste, com dois rios, aos céus teus olhos pios, chamando em vão Jesus. Da dor que me lacera mortal nenhum pudera sondar a profundez. O que este peito chora, treme, receia, implora, só tu, Senhora, o vês. Que dor! Nos sonhos cevo-a; corro a fugir-lhe, levo-a; que dor, oh mãe, que dor! Sozinha a ti me abraço, e em pranto me desfaço. Mercê! perdão! favor! Antes que a aurora assome, já o mal que me consome o sono me quebrou; sentada já no leito regando aflita o peito co’as lágrimas estou. Quando hoje abro a janela, para dos vasos dela trazer-te um ramo aqui, e a vejo apedrejada... co’o choro sufocada sem luz no chão caí. Ó Virgem dolorosa, inclina à desditosa o teu benigno olhar. Só tu, com sete espadas no coração cravadas, sabes o que é penar.

Nenhum comentário: