Henri Durville

Esta visão nítida do que somos é um grande bem no conhecimento que devemos ter de nossos defeitos e da necessidade em que nos encontramos de lutar contra eles e substituí-los por qualidades opostas, como Hermes fez compreender a seu filho Tat. Este conhecimento serve mais ainda para nos livrar das paixões inferiores. Aquele que conheceu o verdadeiro fim da vida não consente aos sentidos senão um império assaz fraco sobre sua personalidade. Expande o seu coração no amor de todas as criaturas e não conhece maior alegria do que o altruísmo, o prazer de criar a felicidade para todos os seres que podem amar e sofrer. E' então que se produz em nós o segundo nascimento; é neste momento que se revela o novo ser que dormitava em nós. Goza a paz, a perfeita felicidade na calma que não perturba os ruídos humanos e materiais. A sua vontade se realiza porque ela está conforme o plano divino. Então, o conhecimento de Deus e das forças que nos rodeiam e que podemos fixar permite à nossa verdadeira personalidade desenvolver-se na sua harmonia, unir-se às mais altas, quase divinas harmonias, onde o corpo e os sentidos não tomam mais lugar, mas onde o coração e o espírito, repletos de sublimes vibrações, participam da alegria das realidades eternas. Mas estas harmonias não se fazem entender nunca entre o vão tumulto das nossas ocupações terrestres. É só na paz serena da Natureza, no silêncio inspirado do santuário ou no reduto do laboratório que essas misteriosas vozes encontram bastante calma para se deixar perceber. O silêncio é a força do iniciado e é uma grande ciência esta concentração em que a alma se recolhe para receber as iluminações mais altas e se elevar até Deus sobre as asas da inspiração.

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