Henri Durville - sobre o ensinamento de Moisés

A tradição oral, confiada primeiramente aos 70 discípulos, continuou muito tempo assim, sem a intervenção de qualquer escrito. Não foi senão ulteriormente que estes ensinamentos secretos foram conhecidos em várias obras, das quais as mais importantes são o Sépher Jezirah ou o livro da Criação e o Zohar ou livro dos Princípios.   164 A leitura destas obras é árdua e pesada, porque tudo é mistério, mesmo as explicações que se esforçam em elucidar esta linguagem infinitamente abstrata. Haveria, entretanto, uma chave para estes mistérios e todos os ocultistas são de acordo em dizer que havia um sentido esotérico da maior beleza e de um grande alcance filosófico. Infelizmente, o conhecimento deste sentido místico não pode ser obtido senão depois de longos trabalhos, o que não é fácil ser empreendido por toda gente. Um mestre do pensamento esotérico moderno, Eduardo Schuré, diz em relação ao sentido esotérico do Gênese:   "Nenhuma dúvida existe, dada a educação de Moisés, que ele escreveu o Gênese em hieróglifos egípcios em três sentidos. Confiou a chave e a explicação oral a seus sucessores. Quando, no tempo de Salomão, traduziu-se o Gênese em caracteres fenícios e quando, depois do cativeiro de Babilônia, Esdras o redigiu em caracteres aranianos caldáicos, o sacerdócio judeu não manejava as chaves senão imperfeitamente. Quando vieram, finalmente, os tradutores gregos da Bíblia, estes não tinham senão uma fraca idéia do sentido esotérico dos textos”. "São Jerônimo, apesar de suas sérias intenções e seu grande espírito, quando fez a sua tradução latina segundo o texto hebreu, não pôde penetrar até o sentido primitivo; e, tendo-o conseguido, teria de calar”.   165 "Então, quando lemos o Gênese nas nossas traduções, não temos senão o sentido primário e inferior”. "Apesar da boa vontade, os exegetas e até os teólogos, ortodoxos e livres-pensadores, não viam o texto hebraico senão através da Vulgata. O sentido comparativo e superlativo, que é o sentido profundo e verdadeiro, escapa-lhes”. "Não fica menos misteriosamente oculto no texto hebreu que mergulha, por suas raízes, até a língua sagrada dos templos, refundida por Moisés, língua em que cada vogal, cada consoante tinha um sentido universal, em relação ao valor acústico da letra e o brilho da alma do homem que a produz”. "Para os intuitivos, este sentido profundo salta algumas vezes como uma centelha do texto; para os videntes, reluz na estrutura fonética das palavras adotadas ou criadas por Moisés: sílabas mágicas em que o iniciado de Osíris vasou seu pensamento, como um metal sonoro em um molde perfeito”. "Pelo estudo deste fonetismo que leva a marca da língua sagrada dos templos antigos, pelos chefes que nos fornecem a Cabala e de que alguns vão até Moisés, enfim, pelo esoterismo comparado, é-nos permitido hoje entrever e reconstituir o Gênese verdadeiro”. "Assim, o pensamento de Moisés sairá brilhante com o ouro da fornalha dos séculos, das escórias de uma teologia 166 primária e das cinzas da crítica negativa." (Os Grandes Iniciados.)

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