“Que o seu coração não se torne vaidoso por causa daquilo que sabes. Aconselha-te tanto junto do ignorante quanto do sábio. Porque não se atinges os limites da arte. E não existe artesão que tenha adquirido a perfeição. Uma palavra perfeita está mais oculta que a pedra verde. Encontra-se no entanto junto das criadas que trabalham na mo.”
Henri Durville
O primeiro ponto a este respeito é ter diante dos olhos um ideal elevado.
Este ideal, entretanto, não deve ter nada de egoístico; pelo contrário, se ele vos permite elevar-vos acima dos outros, que isso seja para os assistirdes e lhes oferecerdes o apoio da força que tendes adquirido e que a eles ainda lhes falta.
Nada vos será mais fácil do que entreter este ideal, porque vereis os seus efeitos ao longe à medida que dele vos utilizardes em meio de todos os mais e isso vos cumulará de uma alegria perfeita.
Este ideal vós o estabelecereis antes de tudo, segundo ensinam os que neste ponto nos dirigem; é preciso discerni-lo desde logo para não pedirdes a vós mesmos os esforços que causem fadiga inútil; e com estabelecê-lo ou discerni-los vereis o vosso lugar exato no universo e este lugar não é nem tão baixo como suporia o vosso desânimo, nem tão alto como desejaria a vossa vaidade. Ele vos dará esse bem de conhecerdes e experimentardes forças ativas que vivem em torno e dentro de vós, fazendo-vos compreender que relações estreitas existem entre o homem e o universo; e mais compreendereis que é necessário ao iniciado um desenvolvimento de conformidade com as leis naturais, de maneira a entrar ele em harmonia perfeita com as forças superiores, que são, para aquele que a elas recorrem, de maior e mais benéfica utilidade.
Quando o homem entra em contacto com estas forças superiores sente quanto a vida é justa nas suas aparentes desigualdades. Somos todos colocados no caminho da nossa evolução e este caminho precisamos percorrê-lo em todas as suas etapas, sem que coisa alguma nos possa evitar de fazê-lo.
Todos seguem, queiram ou não, os ciclos que precisam percorrer antes de chegar à necessária perfeição. O malvado, pois, é menos culpado do que nos parece; é somente um ser que não chegou ao ponto necessário para sentir quanto as suas faltas são pessoalmente prejudiciais e, neste ponto, é aos que mais sabem que pertence o dever de elevar o iniciado, e mostrar-lhe o verdadeiro caminho, pois a lei do auxílio prestado pelos que já têm compreendido a vida é uma conseqüência da lei pela qual progrediram para essa compreensão.
É, portanto, para o iniciado, além do mais, uma necessidade, que deve acompanhá-lo em toda a sua vida, o adquirir no seu caminho o equilíbrio e a orientação que lhe faltem. Isso será para ele um bem, maior ainda se este advier entre as paixões ou tempestades da vida, porque então compreenderá os fatos na sua causa, achando-os sempre justos e aproveitáveis, aceitando-os com calma e resignação.
Tal deve ser o ideal do iniciado. Este deve ter em seu caminho um farol, desses que lhe derramam no coração uma luz sempre igual, doce e salutar, a mostrar-lhe uma existência mais lógica, mais harmoniosa, melhor que outras.
Vemos daí que a evolução se faz por dois caminhos: um que nos leva a compreender e outro que nos leva a sentir. Todos os dois são necessários e será desarmônico fazer-se a educação em um, em detrimento do que deve ser feita em outro. O equilíbrio entre os dois é que nos leva à verdade.
É pela sentimentalidade que a inteligência se aclara; é pela inteligência que a sensibilidade se enternece de modo a podermos ampliar o nosso campo de ação e a vermos aí que o universo não se limita às nossas paixões e ao nosso interesse. É por esses caminhos que nos desprendemos da má corrente dos pensamentos egoísticos e então o nosso espírito corresponde-se nas esferas elevadas com os pensamentos mais generosos, mais nobres, como os pensamentos do místico em sua iluminação, do poeta na sua inspiração, do psíquico na sua comunhão com as correntes superiores.
O vosso espírito, por esses caminhos, atingirá as alturas e fará descer ao vosso coração as vibrações harmoniosas e doces que vos impregnarão de uma alegria pura, de uma exaltação sublime. À medida que vos elevardes sentireis e compreendereis o grande mistério, que se alargará sem cessar diante de vós, porque o domínio do Iniciado é sem limites. Acha ele incessantemente novos elementos à sua atividade e cheio de emoções, de alegrias, como que se banha nas forças invisíveis.
Tais são as alegrias que vos são permitidas, sendo, porém, necessárias a própria iniciativa para atingi-las. Não espereis que elas venham a vós sem que as tenhais procurado. Tomai corajosamente a resolução relativa e necessária; e, mais, sede seguro, pois se as dificuldades se apresentaram aos que vos têm precedido, é claro que se hão de apresentar no vosso caminho.
Deixai a vossa estreita existência; despojai-vos de vossas velhas roupagens para tomardes uma nova; deixai a velha casa sem ar, sem horizonte, sem luz, em troca do Templo ereto sobre a colina banhada pelos raios do sol. O reino do céu está entre vós. Cuidai desta máxima e vereis que o futuro prometido é daqueles que souberam compreender e pôr em prática o sonho que ela formou.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário