Sobre a Amizade

   Quando o filósofo Diógenes precisava de dinheiro dizia que ia reclamá-lo dos amigos, e não que lhes ia pedir. A fim de exemplificar com um fato esse estado de alma, vou apelar para os antigos.

   O corintiano Eudâmidas tinha dois amigos: Charixênio de Licíon e Areteu de Corinto. Era pobre e eles ricos. Às vésperas de morrer, assim redigiu seu testamento: ”Lego a Areteu o cuidado de tomar conta de minha mãe e suprir-lhe as necessidades durante a velhice; a Charixênio a obrigação de desposar minha filha e constituir-lhe um dote tão elevado quanto possível. No caso em que um deles venha a morrer, lego sua parte ao outro”. Os primeiros que viram o testamento muito caçoaram dele, mas os herdeiros o aceitaram com uma alegria espantosa. Vindo a falecer Charixênio cinco dias depois, Areteu substituiu-o na parte que lhe cabia e tratou cuidadosamente do sustento da mãe; e, elevando-se seu patrimônio a cinco talentos, deu dois e meio à sua própria filha, que era filha única, e dois e meio de dote à filha de Eudâmidas. E as casou ambas no mesmo dia.

Nenhum comentário: